quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Moçambique: entre a Commonwealth e a CPLP

Dentre os países de língua portuguesa em África, Moçambique tem se mostrado forte nos preceitos globais de diversificação de parcerias e participação em comunidades, assim como na aposta bilateral. Está na União Africana (UA), e na condicionante de ex-colônia de Portugal se insere na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Participa ainda da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e envolta pelas posses do império britânico, faz valer sua posição geopolítica se colocando nos meandros da Commonwealth.

De todas essas inserções, chama atenção a presença do país na comunidade britânica, único de língua portuguesa. O Secretariado da Commonwealth é uma associação voluntária de 53 Estados soberanos. Todos os Estados-membros, com exceção de Moçambique, estiveram direta ou indiretamente sob o domínio britânico ou mantiveram vínculos administrativos com outro país da Commonwealth.

O tema foi um trabalho que elaborei para uma disciplina e, no intuito de conhecer melhor a realidade presencial, aproveitei para entrevistar (por e-mail) o diretor do Jornal O Observador, de Moçambique, Jorge Eurico, jornalista que escreve para a publicação Notícias Lusófonas. Conhecedor da Lusofonia, o especialista mostra uma Moçambique inserida no jogo internacional e expressa, em verbo afiado, sua indignação com a CPLP.

DirectoLuso: Para além de membro da União Africana (UA) e da Commonwealth, Moçambique participa da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral - SADC - e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Essa diversidade de inserção internacional beneficia e prejudica o país em que aspectos?

J.E. : A inserção internacional de Moçambique na Commonwealth, União Africana, CPLP e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa em nada prejudica o País; pelo contrário, sendo Moçambique um País, esta é uma forma de procurar tirar dividendos de todas estas instituições para colmatar a pobreza absoluta em que se encontra e mostrar que, apesar de pobre, também tem uma palavra a dizer. Moçambique tem tirado bastante proveito e absorvido grandes e boas experiências dos seus países vizinhos, todos de expressão inglesa.

DirectoLuso: Para CPLP e Commonwealth, nomeadamente, quais os ganhos e perdas desse triângulo de relacionamento?

J.E. : A CPLP na prática não existe, existe apenas na cabeça de uns quantos. O mesmo não se pode dizer da Commonwealth que se faz sentir com projectos políticos, culturais, etc, etc nos países de que são membros.

DirectoLuso: Moçambique encontra na Commonwealth o apelo financeiro que falta na CPLP?

J.E. : Não tenho informações precisas, mas penso que sim. Um dos países de expressão portuguesa com quem Moçambique mantém laços muitos estreitos é, contrariamente ao que possa parecer, o Brasil. Não se passa o mesmo em relação aos País Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e Portugal.

DirectoLuso: Como a opinião pública enxerga Moçambique na CPLP e na Commonwealth?

J.E. : Como uma forma de ir buscar ajudas nas duas instituições. Mas já se viu que, até aqui, a CPLP nada tem para dar a nenhum dos seus membros. Por isso Moaçambique está mais virada para a Commonwealth.

DirectoLuso: O que mudou nas oportunidades de negócio com a entrada de Moçambique na Commonwealth e na CPLP?

J.E. : Quase nada. Apesar de ter como limitrofe países de expressão inglesa, Moçambique ainda conserva os hábitos e costumes, maus diga-se de passagem, do seu colonizador, o povo português. Ainda não se libertou disso. Pensa pouco e pequeno. É, tal como o português médio, manhoso. Aúnica diferença entre os moçambicanos e os portugueses é que os primeiros não gostam de trabalhar, passo que os segundos, os cafres do mar, são escravos do trabalho.

DirectoLuso: Entre 2016 a 2018 existe a previsão de criação de uma moeda única e a União Monetária da SADC como desenvolvimento do processo de integração regional. O que isso representa pra Moçambique e como fica a partir deste fato, concretizado, a relação com as duas comunidades? A diversificação de parcerias de Moçambique seria crucial nesse momento?

J.E. : A criação de moeda única é um projecto a longo prazo, até lá muita coisa poderá acontecer. Moçambique, sendo um País pobre, continuará sempre a jogar em três tabuleiros (entenda-se estar com a SADC, CPLP e a Commonwealth). E Moçambique estará com quem lhe poderá ajudar mais.

DirectoLuso: Sendo um país que guarda uma história de inspiração socialista, que resquícios de sistema esbarram com os conceitos de livre comércio?

J.E. : Há uma excessiva burocracia e, embora de forma disfarçada, quase que não se faz nada sem o assentimento do partido no poder, a FRELIMO.

7 comentários:

Anônimo disse...

Achei essa entrevista bastante forte. Gostei de ele ter 'batido' nos portugueses!!! : ))

aderitus disse...

Também gostei, é claro que o colonialismo português foi mau, já o británico foi maravilhoso, basta ver os exemplos do zimbabué e do Apartheid na África do Sul. Mas Moçambique é um país realmente independente do seu colonizador, não como outros que se dizem independentes e continuam subditos da Rainha colonizadora. E em relação aos portugueses não gostarem de trabalhar é verdade, só trabalham pelo mundo inteiro porque necessitam de sobreviver, não por desporto. Se não gostam de portugueses nem de Portugal, têm bom remédio deixem-nos em paz que nós faremos o mesmo. Passem bem

Anônimo disse...

Acho de o entrevistado devia ter ponderado as suas respostas, pois isso só incentiva mais raíva e ódio entre moçambicanos e portugueses e acho que devemos contribuir com comentários decentes.Sou estudante Moçambicana em Portugal e dá para perceber como muitos portugueses nos odeiam por terem sido expulsos de Moçambique e gostavam que a colonizacao continuasse e descontam a raíva em nós emigrante. Se os portugueses nao gostam de trabalhar que nos interessa!!Isso é com eles, estamos a ser infantis...falem de coisas importantes para Moçambique e deixemos os portugueses de lado.

Anônimo disse...

Acho que o entrevistado devia ter ponderado as suas respostas, pois isso só incentiva mais raíva e ódio entre moçambicanos e portugueses e acho que devemos contribuir com comentários decentes.Sou estudante Moçambicana em Portugal e dá para perceber como muitos portugueses nos odeiam por terem sido expulsos de Moçambique e gostavam que a colonizacao continuasse e descontam a raíva em nós emigrante. Se os portugueses nao gostam de trabalhar que nos interessa!!Isso é com eles, estamos a ser infantis...falem de coisas importantes para Moçambique e deixemos os portugueses de lado.

Anônimo disse...

O Ignorância é o principal inimigo dos povos. Não se percebe o objectivo do entrevistado, no entanto as suas declarações revelam um atrasado e mesquinho complexo de inferioridade, que se traduz em raiva, ódio.
As palavras proferidas por este jornalista (que de jornalista me parece ter muito pouco) revelam sua ignorância e entristecem qualquer um que ame esta profissão e reconheça nela uma mais-valia para as pessoas. Este senhor não o representa e a sua falta de sentido de estado e de cultura política são prova irrefutável disso. Não sei como dão palavra a gente como esta.

Com os melhores cumprimentos.

Anônimo disse...

Na verdade Portugal merecia ouvir isso! Quando falam do Brasil adoram se desfazer do mesmo. A entrada de Moçambique na Commonwealth foi uma uma desfeita a todos os outros países de língua portuguesa.

Unknown disse...

Amei isso