sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Agualusa em jogo rápido

Diz o escritor José Eduardo Agualusa, em entrevista ao Jornal de Notícias, num jogo rapidíssimo de respostas bem diretas:

Alguns trechos...

Valoriza mais a imaginação ou a capacidade de ser ágil?

Agualusa: Imaginação é essencial, inteligência também. Esforço-me para escrever com elegância. Elegância tem a ver com simplicidade.

É possível justificar racionalmente a necessidade absoluta de escrever?

Agualusa: Nunca senti necessidade absoluta de escrever - como de comer ou fazer amor. Escrever é um prazer, não uma angústia como o cigarro para o fumador.

Dizer-se afro-luso-brasileiro é a sua melhor definição de nacionalidade?

Agualusa: Sou não-nacionalista. O nacionalismo conduz quase sempre ao ódio ao outro, quando, afinal, o outro somos sempre nós.

Acredita, como Zumbi, que o Brasil ainda não se descolonizou?

Agualusa: Precisa completar essa descolonização. Seria importante que todos os brasileiros tivessem acesso ao poder, o que não acontece ainda com as populações indígenas e de origem africana.

Que Portugal há hoje em Angola que não o do usurpador que colonizou?

Agualusa: A língua, evidentemente, o catolicismo, o futebol, o gosto pelo bacalhau e pela má-língua.

Um excepcional escritor pode ser uma má pessoa?

Agualusa: Provavelmente. Conheço torturadores em Angola, que interrogaram e torturaram presos políticos em 77, e são recebidos em Portugal como bons escritores.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito dessa entrevista, principalmente quando ele diz que um bom texto tem de ser simples! beijos