Encontrei num sebo o livro Palavras aos portugueses, edições Dois Mundos, Brasil e Portugal. Nele, um discurso pronunciado ao microfone da Emissora Nacional de Lisboa, em 20 de março de 1944, classifica como co-sangüínea a relação entre os dois países. Diz que a geografia nos afasta, mas o coração nos une, entre outras observações passionais. O texto fala ainda de uma produção poética brasileira julgada, na época, como fruto de uma inspiração lusitana. Aí vão alguns trechos do pronunciamento:
“A Emissora Nacional recomeça esta noite a irradiar a sua Hora Brasileira.
(...) O parentesco, a língua, a formação moral e religiosa, o mesmo estilo de vida doméstica e social já por si garantiam a proximidade dos nossos destinos políticos.
Somos e continuaremos a ser, em um mundo moral e materialmente devastado pela guerra, em um mundo eriçado de ódios, prevenções e suspeitas, o exemplo de quanto pode o império das mesmas origens étnicas, sentimentais e culturais, quando para sua sobrevivência e engrandecimento trabalham os povos e os homens de boa vontade.
(...) A poesia do Brasil brotou das nascentes do vosso Parnaso, ganhou ao sol do Novo Mundo o esplendor tropical das nossas flores, mas nunca perdeu aquele fundo lírico que é a glória e o segredo da inspiração lusitana”.
O Brasil, com certeza, já não vive mais na sombra do mito da colonização, apesar dos reflexos dela.
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