domingo, 9 de setembro de 2007

A face exposta da língua portuguesa

Em tempos de reforma ortográfica, vai bem revirar o assunto com alguns trechos da carta da escritora Maria Helena Mira Mateus ao filólogo Celso Cunha em 1989. O registro consta no livro A face exposta da língua portuguesa. Nesta homenagem ao amigo brasileiro, a professora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa critica a ausência de Cunha na questão do Acordo Ortográfico em 1986 e relembra sua opinião sobre este documento que é um verdadeiro osso duro de roer.

"Quando em 1975 cheguei pela primeira vez ao Brasil – e quando me iniciei na experiência surpreendente de atravessar os mares e continuar a ouvir a minha língua – o Celso era o meu único amigo brasileiro.

O mundo da língua portuguesa é vasto e diversificado. Com a diversidade decorrente da distribuição geográfica se entrecruzavam os problemas sócio-lingüísticos, resultantes do uso da língua nos diferentes meios sociais.

Nesse contexto se compreende a importância atribuída por Celso Cunha a um Acordo Ortográfico. A sua ausência na comissão que, em 1986, discutiu no Rio de Janeiro a concretização do Acordo ficou a dever-se ao fato de, nessa ocasião, ainda não ter tomado lugar entre os imortais.

Mais tarde, em debate entre portugueses e brasileiros, confirma: estou plenamente de acordo com a unificação ortográfica. (...) Num espaço geográfico tão grande, não é possível que haja variações de código escrito".

Fonte: Mateus, Maria Helena Mira Mateus (2002) – A Face Exposta da Língua Portuguesa. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

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