terça-feira, 6 de novembro de 2007

Nas partidas do mundo

Eduardo Lourenço disse sobre a lusofonia "não sejamos hipócritas, mas sobretudo voluntariamente cegos: o sonho de uma Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, bem ou mal sonhado, é por natureza - que é sobretudo histórica e mitológica - um sonho de raiz, de estrutura de intenção e amplitude lusíada".

Para ele, há dois aspectos fundamentais sobre lusofonia: (1) a língua (e para isso reconhecer a diversidade é preciso) e (2) a cultura (sob perspectiva simbólica, o povo português preenche um espaço imaginário de nostalgia imperial para que se sinta menos só e seja visível nas sete partidas do mundo). FONTE Comunicação e lusofonia.

De fato, o termo lusofonia não se desvinculou ainda do seu caráter eurocêntrico e colonialista. Com a RTP África, a comunicação em língua portuguesa ganhou algum diferencial enquanto potencial estratégico para Portugal. Além de iniciativas mais isoladas. No entanto, a perspectiva cultural na ajuda ao desenvolvimento parece não alcançar o que deveria ser seu real objetivo: incentivar a evolução social dos povos com base na educação. Ontem ouvi uma frase interessante sobre os projetos de cooperação, que a União Européia dá com uma mão e tira com a outra. Sempre que leio algum material (midiático) sobre África tenho percebido que os assuntos na área de cultura primam por valorizar a riqueza e os vastos universos das regiões, suas particularidades, razões e sentidos. Ao passo que as análises econômicas e políticas têm na maioria das vezes uma visão simplista do continente como objeto de exploração. Mas acho muito leviano escrever sobre a África sem ter lá estado, conhecido algum país e suas realidades. E mesmo assim isso ainda seria o olhar do estrangeiro, histórias ditas. As pessoas têm o direiro de escrever, registrar e contar a sua própria história.

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