
E foi poesia que me deu o prosador João Guimarães Rosa. Quando o li pela primeira vez experimentei uma sensação que já tinha sentido quando escutava os contadores de história da infância. Perante o texto eu não simplesmente lia: eu ouvia vozes da infância. Os livros de Rosa me atiravam para fora da escrita como se, de repente, eu me tivesse convertido num analfabeto seletivo. Para entrar naqueles textos eu devia fazer uso de um outro ato que não é ler mas que pede um verbo que ainda não tem nome. Mais do que a invenção das palavras, o que me tocou foi a emergência de uma poesia que me fazia sair do mundo, que me fazia inexistir. Aquela era uma linguagem em estado de transe".
Fonte: Mia Couto no livro Pensatempos.
Um comentário:
Adoro o Mia couto! A� em PT que � bom, tem muitos livros dele!! beijos
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