domingo, 4 de novembro de 2007

Dinheiro é uma coisa, literatura é outra

O escritor Arnaldo Saraiva entrevistou Drummond em 1981. A conversa foi publicada no Jornal de Letras. Em um dos trechos ele questiona o poeta sobre sua recusa a se candidatar ao Nobel e se o prêmio não seria uma maneira de contribuir para o prestígio internacional das literaturas de língua portuguesa. Veja a resposta:

Drummond:

_ Não compreendo bem o sentidos dos prêmios literários. Já recebi alguns e sou grato à lembrança de quem os concedeu, pois há sempre um elemento de simpatia na concessão, e simpatia, se agradece. Mas não sei realmente como se possa premiar uma obra literária. Ela existe e perdura, independentemente de prêmios. Eles não estimulam a criação de outras obras, pois tudo resulta de uma necessidade e compulsão interiores, não de incentivos externos. A dádiva material não significa nada quanto ao futuro dos textos que a motivaram. Dinheiro é uma coisa, literatura é outra. E pouco me importa se meu país será beneficiado com um prêmio individual de literatura. Importa-me sim saber se temos em nossa história um escritor chamado Machado de Assis, e que esse escritor representa condignamente a nossa capacidade de criação e acrescentamento dos valores literários.

Fonte: Saraiva, Arnaldo (2000). Conversas com escritores brasileiros. Comissão Nacional para as Comemoração dos Descobrimentos Portugueses. Porto. \\ Caricatura: Carilho.

...Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero...

...Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tá inspirada, hein!!! :-) beijos

ziza disse...

eu não, o mestre!