Confira trecho da entrevista do embaixador brasileiro na CPLP, Lauro Moreira, publicada em agosto no Jornal de Letras (entrevista por Rodrigues da Silva):
JL: Qual é o interesse da CPLP para com o Brasil?
Moreira: Num quadro multilateral o Brasil pode reforçar as suas posições. Como o fato de Guiné-Bissau fazer parte da CPLP dá a ela muito mais condições para tentar superar suas dificuldades.
JL: Se o sr. embaixador sair aqui da embaixada e na rua ouvir mil pessoas só por milagres encontrará duas que saibam o que é CPLP. Não sei como é no Brasil.
Moreira: Não é muito diferente, embora esteja a melhorar. O fato de me telefonarem do Brasil, de tudo que é lugar, publicando matérias sobre o Acordo Ortográfico, aí já a coisa interessa, porque já se faz o link com a CPLP.
JL: Qual é a missão da embaixada do Brasil junto à CPLP?
Moreira: Essa Embaixada foi criada pelo governo brasileiro em 2006 (janeiro) e eu estou na função desde agosto. O meu staf, num total de 14 pessoas, é formado por quadros do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e por contratados locais. Atuamos de maneira completamente independente da Embaixada do Brasil junto do Governo Português. O Brasil foi o primeiro país a tomar essa iniciativa de criar uma missão diplomática para tratar com exclusividade os assuntos da CPLP.
JL: Serve para quê o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP)?
Moreira: A meu ver, é o elemento dinamizador da defesa e promoção da língua portuguesa.
JL: O que é Portugal para o brasileiro comum? Não me responda com o chavão.
Moreira: Tradicionalmente, era o meu avozinho. Não é mais. É um país ligado ao brasileiro pelo coração. Todo brasileiro que passa por Portugal gosta.
JL: Mesmo os imigrantes.
Moreira: Mesmo os imigrantes com as dificuldades todas que têm.
JL: Sobre o Brasil, sabemos mais de suas telenovelas e do seu futebol do que seus grandes autores.
Moreira: Sabe qual é o problema de não haver livros brasileiros aqui? É não haver Acordo Ortográfico.
JL: Desculpe, mas não acredito.
Moreira: Sim senhor.
JL: Desculpe, mas para mim a dificuldade em ler brasileiro não tem a ver com as diferenças ortográficas, mas com a sintaxe.
Se me falar em Guimarães Rosa, está certo.
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