Se o mar português espelhou o céu nos versos de Pessoa, o Museu do Mar da Língua Portuguesa – previsto para ser inaugurado em meados de 2008, em Lisboa – é mais uma oportunidade para refletir sobre a diáspora do idioma no mundo.
Em entrevista (por Zi) a historiadora portuguesa Judite de Freitas, professora de Relações Internacionais, fala da iniciativa no debate da lusofonia.
O Museu do Mar da Língua Portuguesa terá simulação das viagens dos Descobrimentos. Com essa amarra histórica Portugal estaria dizendo a língua portuguesa ainda é nossa?
Judite: O português é uma língua de cultura e como tal exerce um papel aglutinador entre todos os povos que a falam em diferentes latitudes do globo no respeito pelos costumes, usos e leis nacionais de todos os falantes. Não me parece que o sentido político no atual mundo globalizado, do projeto de criação de um Museu do Mar tenha em vista uma perspectiva da língua enquanto patrimônio exclusivo de Portugal. É mais uma língua de muitas culturas e alguns Estados.
Esse apego aos Descobrimentos é um orgulho dos processos de aculturação que Portugal promoveu ao longo da história? E, do ponto de vista da lusofonia, não demonstra um sintoma neocolonialista?
Judite : Esta questão do neocolonialismo colocar-se-ia qualquer que fosse a opção política do governo. A promoção e difusão da língua portuguesa têm, do meu ponto de vista, que passar por uma política coordenada e convergente dos vários agentes culturais nacionais. Medidas avulsas, regra geral, pouco representam e não exercem o devido impacto. O marketing da língua e cultura nacionais deve constituir uma das prioridades culturais do governo. A Inglaterra e a França, com outros meios e recursos, fazem-no há muito mais tempo. A Espanha, muito embora mais tardiamente, leva a cabo através do Instituto Cervantes uma política que tem dado significativos frutos.
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2 comentários:
Oi, Zi, saiu aonde essa entrevista??? beijos
Oi Ju, saiu num site novo: www.projetolusofonia.org. Só tu mesmo, sempre por aqui, obrigada!
Bjs, saudades.
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