segunda-feira, 9 de julho de 2007

Poetas no front em Moçambique

"Durante bastante tempo (pelo menos desde a II Guerra) Moçambique foi considerada uma colônia de poetas. Na década de 70, com a guerra pela libertação nacional, a Frelimo - Frente de Libertação de Moçambique fez uma recolha de textos poéticos produzidos para consumo interno da guerrilha (elaborados por militares), conquanto passíveis de serem divulgados, com impacto político imediato nos meios internacionais. Poesia de Combate ou de Guerrilha eram os nomes e incluía texto de Marcelino dos Santos, Sérgio Vieira, entre outros. Com poemas de nítida intenção militante, com sentido estrito ou de luta anti-colonial, atinge uma expressão didática e informativa".

O trecho do poema Para uma moral (Marcelino dos Santos) ilustra o tom da produção daquele tempo e o contorno da expressão ideológica nas entrelinhas da ferramenta cultural.

Cada um de nós
tem um desejo
forte de sonho e de vontade
ser doutor aviador ou mecânico
carpinteiro engenheiro
e mesmo político
e servir
amanhã
o povo
com o melhor do seu gosto e saber

E hoje
camaradas
como servir hoje o povo.

Fonte: Larajeira, Pires (1995). Literaturas africanas de expressão portuguesa. Universidade Aberta, Lisboa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quer dizer que o povo de moçambique é militante?? Muito interessante esse post. Até agora, so conheço Mia Couto. beijos

ziza disse...

Achei interessante a questão da produção literária - não conhecia essa poesia de guerrilha. E viu que teve impacto em termos de RI. Pensei em investigar isso, sugeri ao meu professor. Vamos ver. Bjão e obrigada sempre!!!