quarta-feira, 30 de maio de 2007

A imprensa nas ex-colônias portuguesas de África

Como me disseram que o livro é difícil de encontrar e talvez nem seja mais editado, achei interessante disponibilizar um trecho desta obra chamada "Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa" (1995), de Pires Laranjeira. A parte escolhida foi sobre a Imprensa:

"A tipologia foi introduzida nas colônias nas seguintes datas: Cabo Verde (1842); Angola (1845); Moçambique (1854); São Tomé e Príncipe (1857) e Guiné-Bissau (1879).

Os primeiros órgãos de comunicação social foram o Boletim Oficial de cada colônia, que dava abrigo à legislação, noticiário oficial e religioso, mas que também incluía textos literários (poemas e crônicas).

Em geral, no século passado, exceto em Angola, a imprensa foi menos importante devido à repressão. O semanário O progresso (1868), de Moçambique, religioso, instrutuvo, comercial e agrícola, teve apenas um númeo, porque, dois dias depois, era obrigado a ir à censura prévia, que proibiu. Um militate republicano chamado Carvalho e Silva fundou quatro jornais, todos fechados, a tipografia destruída e o diretor agredido, de que resultou sua morte. De fato, a história da imprensa não oficial de Moçambique foi geralmente de oposição aos governos, da colônia e de Lisboa.

Com a República, atéao advento da lei de João Belo (1926) contra a liberdade de imprensa, floresceu uma imprensa operária. Mas os mais célebres, e justamente celebrados, pelo seu papel na conscientização da moçambicanidade, foram os jornais fundados pelos irmãos José e Antônio Albasini: O Africano (1909 - 1918), O Brado Africano (1918) e O Itinerário (1919), o penúltimo sobrevivendo durante décadas e o último reaparecendo noutros moldes (1941 - 55).

Na Guiné, o primeiro jornal, Ecos da Guiné, só apareceu em 1920.

Em Cabo Verde e São Tomé a imprensa contribuiu decisivamete para o incentivo à criação literária.

No século XIX foi intensa e brilhante a atividade jornalística em Angola. Depois de a criação do Boletim Oficial (1845), surge A Aurora (1855), recreativo e literário. Mais tarde aparece um jornal pugnado pela abolição da escravatura, A civilização da África Portuguesa (1866). De 1860 até 1900 surge meia centena de títulos de jornais, entre eles O jornal de Luanda e O futuro de Angola.

O primeiro jornal de africanos chamava-se Echo de Angola (1881). Algumas publicações marcaram o desejo de emancipação dos filhos do país: Voz d'Angola (1901) e revista Luz e Crença (1902).

É, pois, através de jornais que os letrados fazem a aprendizagem da escrita. Esse desígnio jornalístico marcaria decisivamente os escritors de África, que quase sempre assistiam a divulgação de seus textos através de antologia, antes de os poderem ver estampados em um livro, objeto que poucas vezes tinham acesso por várias dificuldades (censura, perseguição, pobreza, desleixo etc. que foram aumentando e crescendo até a independência)".

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito interessante, Zi! Só você mesmo para encontrar essas coisas!! beijos

Anônimo disse...

Comprei uma coletânea de contos moçambicanos que eram publicados em jornais, muito bacana. Qdo eu levar de volta te empresto!