Como me disseram que o livro é difícil de encontrar e talvez nem seja mais editado, achei interessante disponibilizar um trecho desta obra chamada "Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa" (1995), de Pires Laranjeira. A parte escolhida foi sobre a Imprensa:"A tipologia foi introduzida nas colônias nas seguintes datas: Cabo Verde (1842); Angola (1845); Moçambique (1854); São Tomé e Príncipe (1857) e Guiné-Bissau (1879).
Os primeiros órgãos de comunicação social foram o Boletim Oficial de cada colônia, que dava abrigo à legislação, noticiário oficial e religioso, mas que também incluía textos literários (poemas e crônicas).
Em geral, no século passado, exceto em Angola, a imprensa foi menos importante devido à repressão. O semanário O progresso (1868), de Moçambique, religioso, instrutuvo, comercial e agrícola, teve apenas um númeo, porque, dois dias depois, era obrigado a ir à censura prévia, que proibiu. Um militate republicano chamado Carvalho e Silva fundou quatro jornais, todos fechados, a tipografia destruída e o diretor agredido, de que resultou sua morte. De fato, a história da imprensa não oficial de Moçambique foi geralmente de oposição aos governos, da colônia e de Lisboa.
Com a República, atéao advento da lei de João Belo (1926) contra a liberdade de imprensa, floresceu uma imprensa operária. Mas os mais célebres, e justamente celebrados, pelo seu papel na conscientização da moçambicanidade, foram os jornais fundados pelos irmãos José e Antônio Albasini: O Africano (1909 - 1918), O Brado Africano (1918) e O Itinerário (1919), o penúltimo sobrevivendo durante décadas e o último reaparecendo noutros moldes (1941 - 55).
Na Guiné, o primeiro jornal, Ecos da Guiné, só apareceu em 1920.
Em Cabo Verde e São Tomé a imprensa contribuiu decisivamete para o incentivo à criação literária.
No século XIX foi intensa e brilhante a atividade jornalística em Angola. Depois de a criação do Boletim Oficial (1845), surge A Aurora (1855), recreativo e literário. Mais tarde aparece um jornal pugnado pela abolição da escravatura, A civilização da África Portuguesa (1866). De 1860 até 1900 surge meia centena de títulos de jornais, entre eles O jornal de Luanda e O futuro de Angola.
O primeiro jornal de africanos chamava-se Echo de Angola (1881). Algumas publicações marcaram o desejo de emancipação dos filhos do país: Voz d'Angola (1901) e revista Luz e Crença (1902).
É, pois, através de jornais que os letrados fazem a aprendizagem da escrita. Esse desígnio jornalístico marcaria decisivamente os escritors de África, que quase sempre assistiam a divulgação de seus textos através de antologia, antes de os poderem ver estampados em um livro, objeto que poucas vezes tinham acesso por várias dificuldades (censura, perseguição, pobreza, desleixo etc. que foram aumentando e crescendo até a independência)".





Cesário Verde teve uma vida breve (1855-1886), mas bem produtiva. Ao conhecer alguns de seus poemas gostei do seu estilo por vezes ácido e irônico. Pertencente à geração de realistas e parnasianistas, em 1887 de suas obras dispersas fez-se a coletânea O livro de Cesário Verde, que neste fim de semana comprei em uma feira de usados por apenas 1 euro! Ele é a expressão poética das aspirações, sonhos e conflitos da pequena burguesia lisboeta. Diz o prefácio de Silva Pinto que o homem de vida pouca, apercebendo-se de que havia que fluir dela intensamente, já que o tempo urgia, transmite a sua obra a força dum pacto secreto. Alguns trechos da poesia de Cesário:
O conselho é pra quem gosta de escrever. No livro Pensatempos o moçambicano Mia Couto descreve como se mantém uma relação com o mundo que passe pela escrita literária. Ele diz que a escrita exige sempre a poesia. E a poesia é uma outra janela que se abre para estrearmos outro olhar sobre as coisas e criaturas.

