Mia Couto em Pensatempos conta que em uma conferência foi perguntado sobre o que é ser africano. E devolveu a pergunta: “então o que é ser europeu?”. E eis que o curioso não soube responder.
No artigo O que é africanidade, publicado na edição especial número seis da revista EntreLivros, Kabengele Munanga exemplifica a interpretação simplória e reducionista sobre a África.
"Estamos todos acostumados a ler, até nos textos eruditos, os conceitos relacionados à África no singular. Cultura africana, civilização africana, africanidade no seu emprego singular remete, sem dúvida, a uma certa unidade, a uma África única. Mas, diante da extraordinária diversidade e complexidade cultural africana, como é possível conceber uma certa unidade?"
A vida do escritor Mia Couto se confunde com ser africano e também de toda a parte (assim ele se chama criatura de fronteira). Em Pensatempos, relata influências, as alterações de realidade em Moçambique, a reinvenção de pedaços de língua como abolição de códigos; a comparação entre o Sertão e a Savana, e outros temas. Tudo ganha uma perspectiva macro e microscópica. E assim também o autor convida o leitor a esse exercício de elasticidade. Toda essa aglutinação (de idéias, fatos e sensações) passa por duas referências essenciais, justamente o pensamento e o tempo. A maneira de pensar pode ser reflexo, causa ou herança do tempo.
Pensando o tempo a ampulheta da vida se move erguendo e derrubando nossas estruturas reais e imaginadas.
Passa o tempo, pensa o tempo...
Um comentário:
Queria deixar um comentário aqui, mas troquei as bolas e deixei em um outro post lá embaixo. beijos
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