
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Minutos de memória

quarta-feira, 18 de julho de 2007
amaré...
Papel para os anais

"Desde início, a nossa política de expansão colonial foi baseada num grande princípio de respeito humano pelos povos colonizados. A sua definição mais exacta é talvez a de cooperação racial se acrescentarmos que uma finalidade, mais alta ainda, a caracteriza especialmente, a finalidade de uma crescente nacionalização de tôdas as populações das nossas colónias.
Essa política tem uma base moral fortíssima e sempre mantida, a da Religião Católica, verdadeiramente sentida e vivida com a mais humana compreensão por todos os portugueses.
Separar a nossa expansão colonizadora da ideia missionária, Católica, que sempre a acompanhou seria negar a realidade. Seria também tornar incompreensível quanto fizemos e fazemos mais que nenhum outro povo colonizador para a elevação das populações dos territórios coloniais a que, por definição jurídica, chamamos de indígenas".
Esse registro de fato é papel para os anais!
domingo, 15 de julho de 2007
Águas de bacalhau
Diz na Wikipedia: a Serra do Buçaco é uma elevação de Portugal Continental e abrange o concelho de Penacova. A mata que existe ainda hoje na Serra do Buçaco foi mandada plantar pela Ordem dos Carmelitas Descalços no primeiro quarto do século XVII.
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Poetas no front em Moçambique

O trecho do poema Para uma moral (Marcelino dos Santos) ilustra o tom da produção daquele tempo e o contorno da expressão ideológica nas entrelinhas da ferramenta cultural.
Cada um de nós
tem um desejo
forte de sonho e de vontade
ser doutor aviador ou mecânico
carpinteiro engenheiro
e mesmo político
e servir
amanhã
o povo
com o melhor do seu gosto e saber
E hoje
camaradas
como servir hoje o povo.
Fonte: Larajeira, Pires (1995). Literaturas africanas de expressão portuguesa. Universidade Aberta, Lisboa.
Museu nas amarras do colonialismo

Em entrevista (por Zi) a historiadora portuguesa Judite de Freitas, professora de Relações Internacionais, fala da iniciativa no debate da lusofonia.
O Museu do Mar da Língua Portuguesa terá simulação das viagens dos Descobrimentos. Com essa amarra histórica Portugal estaria dizendo a língua portuguesa ainda é nossa?
Judite: O português é uma língua de cultura e como tal exerce um papel aglutinador entre todos os povos que a falam em diferentes latitudes do globo no respeito pelos costumes, usos e leis nacionais de todos os falantes. Não me parece que o sentido político no atual mundo globalizado, do projeto de criação de um Museu do Mar tenha em vista uma perspectiva da língua enquanto patrimônio exclusivo de Portugal. É mais uma língua de muitas culturas e alguns Estados.
Esse apego aos Descobrimentos é um orgulho dos processos de aculturação que Portugal promoveu ao longo da história? E, do ponto de vista da lusofonia, não demonstra um sintoma neocolonialista?
Judite : Esta questão do neocolonialismo colocar-se-ia qualquer que fosse a opção política do governo. A promoção e difusão da língua portuguesa têm, do meu ponto de vista, que passar por uma política coordenada e convergente dos vários agentes culturais nacionais. Medidas avulsas, regra geral, pouco representam e não exercem o devido impacto. O marketing da língua e cultura nacionais deve constituir uma das prioridades culturais do governo. A Inglaterra e a França, com outros meios e recursos, fazem-no há muito mais tempo. A Espanha, muito embora mais tardiamente, leva a cabo através do Instituto Cervantes uma política que tem dado significativos frutos.
domingo, 8 de julho de 2007
Craveirinha: Poema do futuro cidadão

(José Craveirinha - Chigubo - 1964)
Vim de qualquer parte
de uma Nação que ainda não existe.
Vim e estou aqui!
Não nasci apenas eu
nem tu nem nenhum outro...
mas Irmão.
Mas
tenho amor para dar às mãos cheias.
Amor do que sou
e nada mais.
E
tenho no coração
gritos que não são meus somente
porque venho de um País que ainda não existe.
Ah! Tenho meu Amor a todos para dar
do que sou.
Eu!
Homem qualquer
Cidadão de uma Nação que ainda não existe.
FONTE: Cavacas, Fernanda (1994). O texto literário e o ensino da língua em Moçambique. Colecção Sete, Lisboa - Maputo.
Autobiografia (Wikipedia)
Craveirinha é considerado um dos maiores poetas de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões.
“Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Isto por parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Aonde? Na Av. Do Zihlahla, entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres.
“Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato.
“A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: seu irmão.
“E a partir de cada nascimento, eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terrra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique.
A opção por causa do meu pai branco e da minha mãe preta.
Nasci ainda outra vez no jornal "O Brado Africano”. No mesmo em que também nasceram Rui de Noronha e Noémia de Sousa.
Muito desporto marcou-me o corpo e o espírito. Esforço, competição, vitória e derrota, sacrifício até à exaustão. Temperado por tudo isso.
Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por parte de minha mãe, só resignação.
Uma luta incessante comigo próprio. Autodidata.
Minha grande aventura: ser pai. Depois, eu casado. Mas casado quando quis. E como quis.
Escrever poemas, o meu refúgio, o meu País também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse País, muitas vezes, altas horas a noite.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Portugal na CEE

O apelo do refrão "Quero ver Portugal na CEE" só foi atendido cinco anos mais tarde e será que sonharia o autor ver o país em sua terceira presidência no bloco. Como se diz por cá, Portugal está cheio de pica! (Traduzindo: com o pique total). A flor azul foi o símbolo da adesão à comunidade, o que representaria a modernidade, sendo também cor do mar, elemento crucial da identidade histórica portuguesa.
PORTUGAL NA CEE [GNR]
Na rádio, na Tv nos jornais, quem não lê
Portugal e a CEE
Quanto mais se fala, menos se vê
Eu já estou farto e quero ver
Quero ver Portugal na CEE
Quero ver Portugal na CEE
À boleia, pela rua
lá vou eu ao mercado comum
ao lá chegar, vi o bosstinha cunha
foi o que me valeu
perguntei-lhe “Qual é a tua, ó meu?”
Quero ver Portugal na CEE
Quero ver Portugal na CEE
E agora que já lá estamos
Vamos ter tudo aquilo que desejamos
Um PA p’rás vozes e uma Fender
Oh boy, é tão bom estar na CEE
Quero ver Portugal na CEE
Quero ver Portugal na CEE
(Vítor Rua, 1981)