sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Promessa pra São Luís Durão


Meu sapato já furou, com Clara Nunes, é uma boa pedida para virar o ano.

Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

... (Cora Coralina)

Lambida multicultural


O ano de 2008 foi declarado "Ano Internacional das Línguas" pela Assembléia Geral das Nações Unidas. A Unesco, encarregada de coordenar as atividades, tenciona assumir de forma resoluta o papel de principal responsável. O 21 de fevereiro de 2008 é o dia do nono Ano Internacional da Língua Materna.

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No ponto cego

"Pensar: inventar novas distinções, novos indicadores a partir dos quais se reconstitui o real, estabelecer outros axiomas, modificar as suas percepções, ver de repente no ponto cego, escutar uma mensagem onde ninguém ouviria senão ruído, fazer surgir novos sentidos (...) o pensamento não é senão um outro nome do acordar (...) o poder de um pensamento é proporcional a sua neutralidade, quer dizer, a sua capacidade de se subtrair às dualidades e separações instituídas que encontra no seu caminho".

Fonte: Lévy, Pierre (1987). A Máquina Universo. Epistemologia e sociedade.

Que seja novo enquanto dure

A esperança leva ao abismo do novo, que se aproxima. Promessas de ruptura, dezenas de nunca mais e centenas de chega! Tudo se renova no subconsciente, no subcutâneo.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

boa frase...

...da coluna de leitores da Caros Amigos, de José Jorge:

"Diz a voz do populacho que, a dor mais dolorida de FHC, é que ele ESTÁ CONDENADO, INSTORICAMENTE, A SER uma SIGLA". 

viva o populacho!

Mudez

justiça de povo nunca tem voz...

sábado, 22 de dezembro de 2007

Caravana


De Geraldo Azevedo e Alceu Valença, Caravana é harmonia que toca palavra no fundo do verbo, no apelo singelo da coesão perfeita. Bate em mim e me paralisa.


Corra não pare, não pense demais

Repare essas velas no cais

Que a vida é cigana

É caravana

É pedra de gelo ao sol

Degelou teus olhos tão sós

Num mar de água clara

Goethe "investe" em África

Três novas unidades da instituição deverão ser abertas no próximo ano na África, incluindo uma em Luanda, capital de Angola. Ministério das Relações Exteriores eleva repasse de recursos em mais de 15%.

Fonte: Deutsche Welle

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Etimologia das superstições

O anúncio de um novo ano nos remete a velhos símbolos, como os das superstições. Sempre que pensamos na mistura de vocabulário em países de língua portuguesa fala-se geralmente das expressões das línguas nativas que conseguiram sobreviver e permanecem como legado. Em épocas de reforçar crenças, achei interessante trecho sobre a etimologia da palavra "figa", a qual acredita-se que tenha seguido o caminho inverso, sendo um vocábulo português que ficou nos ritos africanos.

"figa
- Segundo Nei Lopes, em Novo Dicionário Banto do Brasil, poderia ser palavra derivada do suaíli fingo, "amuleto"; contudo, ele não descarta a hipótese contrária, isto é, de se tratar de vocábulo português que ingressou no idioma africano - o que parece ser mais provável. Embora este seja um dos amuletos preferidos pelos seguidores das religiões afro-brasileiras, já era conhecido na pré-história européia. O vocábulo figa vem do Latim fica e aparece também no francês e no espanhol (figue e higa, respectivamente); trata-se, portanto, de uma contribuição do nosso idioma às línguas daqueles povos africanos com que Portugal manteve contato, antes mesmo de descobrir o Brasil. O que muitos não sabem é que a figa sempre teve um evidente conteúdo fálico, em que o polegar representa o membro masculino entre os lábios da vulva feminina; o poder contra o mau-olhado atribuído a este amuleto deriva exatamente da crença primitiva de que o sexo e a fertilidade são forças do bem".

Fonte: http://www.sualingua.com.br

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Mais um ano ou menos um ano?

"Que idade você teria se não soubesse qual idade você tem?"

(Confúcio)

A "africanitude" na "prosopoética" de Mia Couto em Pensatempos

A amplitude da africanidade está na essência do homem plural, em sua complexa diversidade de existências. No entanto, a produção literária feita por autores africanos cresce nas amarras de uma visão antropológica do estigma de ser o retrato fiel de uma sociedade, de um sentimento, de um resgate histórico.

Mia Couto em Pensatempos conta que em uma conferência foi perguntado sobre o que é ser africano. E devolveu a pergunta: “então o que é ser europeu?”. E eis que o curioso não soube responder.

No artigo O que é africanidade, publicado na edição especial número seis da revista EntreLivros, Kabengele Munanga exemplifica a interpretação simplória e reducionista sobre a África.

"Estamos todos acostumados a ler, até nos textos eruditos, os conceitos relacionados à África no singular. Cultura africana, civilização africana, africanidade no seu emprego singular remete, sem dúvida, a uma certa unidade, a uma África única. Mas, diante da extraordinária diversidade e complexidade cultural africana, como é possível conceber uma certa unidade?"

A vida do escritor Mia Couto se confunde com ser africano e também de toda a parte (assim ele se chama criatura de fronteira). Em Pensatempos, relata influências, as alterações de realidade em Moçambique, a reinvenção de pedaços de língua como abolição de códigos; a comparação entre o Sertão e a Savana, e outros temas. Tudo ganha uma perspectiva macro e microscópica. E assim também o autor convida o leitor a esse exercício de elasticidade. Toda essa aglutinação (de idéias, fatos e sensações) passa por duas referências essenciais, justamente o pensamento e o tempo. A maneira de pensar pode ser reflexo, causa ou herança do tempo.

Pensando o tempo a ampulheta da vida se move erguendo e derrubando nossas estruturas reais e imaginadas.

Passa o tempo, pensa o tempo...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Dados da África Lusófona

Cabo Verde: população - 500 mil; taxa de alfabetização de adultos - 81,2%. Apresenta uma das melhores taxas de acesso à água potável do continente (80% da população). 

São Tomé e Príncipe: população - 160 mil; taxa de alfabetização de adultos - 84,9%. Por cada 100 mil habitantes, morrem 80 de malária, quatro vezes menos que em Angola. 

Angola: população - 12, 2 milhões; taxa de alfabetização de adultos - 67,4%. Com 9,3%, tem o terceiro maior crescimento econômico de África e desde o fim da guerra civil, em 2002, regressaram 4 milhões de refugiados.

Moçambique: população - 20 milhões; taxa de alfabetização de adultos - 38,7%. É um dos países mais pobres e onde ainda falta quase tudo à população: só 11% dos moçambicanos têm acesso à energia elétrica. 

Guiné-Bissau: população - 1,6 milhões; taxa de alfabetização de adultos - 44, 8%. Depende por completo da assistência internacional. Já é o terceiro pior país do mundo pra se viver, segundo a ONU, e o primeiro narco-Estado de África.

Fonte: revista Visão, dezembro de 2007. Matéria: África Irmã, edição histórica: A nova África - o que está a mudar no continente que amamos. 

sábado, 15 de dezembro de 2007

Vida e morte

Nos primeiros anos da colonização, 6 000 000 de índios falavam, ao todo, mais de mil línguas indígenas. A língua dos Tupinambá (tupi antigo), falada numa extensa área da costa atlântica, passou a ser usada pelos portugueses e seus descendentes, já no século XVI. Foi também adotada pelos Jesuítas para catequização dos índios de diversas culturas.

Fonte: Pereira, Dulce (2006). O essencial sobre a Língua Portuguesa - Crioulos de base portuguesa. Caminho. Lisboa.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Viva o calulu

BOCÁDU .... "Ritual de São Tomé e Príncipe que se realiza na quarta-feira após o Carnaval. Consiste na junção da família em casa do membro mais velho, que, com a mesma colher, dá o calulu (comida tradicional à base de vegetais) como símbolo de unidade e coesão". 

Fonte: Dicionário Temático da Lusofonia, Texto Editores, p. 697.

Tive oportunidade de comer calulu em uma comemoração de são-tomenses, muito bom! 



sábado, 8 de dezembro de 2007

Incenso Fosse Música




isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

(Paulo Leminski)

Novo portal para 2008

A Língua Portuguesa vai dispor, a partir do segundo semestre do próximo ano, de um portal – Lingu@e – que visa pensar a língua em termos práticos. Atualmente o portal, em fase embrionária, está ligado ao http://www.instituto-camoes.pt, mas terá endereço independente. A previsão é de que em finais de maio a página entrará em funcionamento.

Fonte: Jornal O Público (matéria na íntegra)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Achados e perdidos

"A Comunidade luso-brasileira é um mito inventado pelos portugueses. Não é minimamente vivida do outro lado do Atlântico. (...) Que relação pode existir entre o imaginário de um povo de 10 milhões de habitantes, como Portugal, prisioneiro de mitos obsoletos - o Brasil é um deles -, e o de uma país de 150 milhões de almas, entre as quais se encontram pessoas vindas da Itália, Espanha, Alemanha, Europa central, Oriente Médio, Rússia e Japão? (...) Se Portugal absorve, dia e noite, há dezenas de ano, as novelas da Globo, os nossos filmes não conhecem qualquer sucesso no Brasil. Não é apenas uma questão fonética, é porque o código cultural do Brasil contemporâneo está a se afastar, em uma velocidade extraordinária, do velho país europeu que Portugal é. (...) Nada disso é motivo de espanto. Há muito tempo que estamos 'perdidos' para o Brasil, pois há muito mais tempo que nos 'perdemos' no Brasil".

Fonte: Eduardo Lourenço. A Nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia. Editora Gradativa, 2003.

Ouvi e gostei



João Pedro Pais - Um Resto De Tudo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A China em Portugal

Se na China cresce o interesse pela língua portuguesa, em Portugal o chinês é praticamente um modismo. As salas de aula estão lotadas, as universidades preparam cursos especiais. Ficou na cabeça uma frase de uma professora que me disse que tentar conter a China é como barrar um fenômeno da natureza. Sobre o aprendizado do idioma, parece que a dificuldade também é recíproca: a professora de mandarim Zhang Shuang diz em matéria publicada no jornal do Metro, sobre a explosão do estudo do idioma em terras lusas, que "para um chinês é muito difícil compreender a gramática portuguesa". A leitura, ela acha mais fácil. Em meio a esta sede, quando me dei conta já estava imersa em um universo linguístico com uma lógica totalmente diferente. É fantástico estudar chinês, muito difícil, mas a simbologia dos caracteres é linda e com certeza abre a mente para uma nova observação da vida. Acho que trabalha uma parte do meu cérebro que eu nunca tinha usado (não que eu use muita coisa dele). Essa é a sensação.

O livro mais requisitado por aqui é "Lições de chinês para portugueses", de Lu Yanbin e Wang Suoyung, que já vendeu mais de 20 mil exemplares e está sendo preparada agora uma reedição. Para encomendar este livro é preciso entrar em contato pelo site com o Centro Científico e Cultural de Macau. O idioma tem 56 mil catecteres, mas aprendendo mil é possível saber 90% da língua. Os verbos são empregados sempre no infinitivo, há um caractér antes que indica futuro, por exemplo. Se vier depois, é passado. Não há feminino e masculino, e plural somente quando necessário. A pronúncia tem quatro tons e se misturados podem significar palavras completamente diferentes. Os caracteres são escritos/desenhados de cima para baixo, da esquerda para a direita.

Quanto ao significado e à força da palavra, interessante é a escolha de como ser chamado. Minha professora conta que recebeu outro nome quando esteve na China para estudar. O nome pode dizer muito da pessoa. Deve ter uma associação boa, não é aconselhável que tenha afinidade com vocábulos como morte etc. Um nome mais erudito pode fazer parecer que o cidadão tenha um grau cultural mais elevado, sendo importante até mesmo na hora de procurar emprego.

Provérbio chinês:
"A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros".

* caracter da foto = chinês.