segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Só a literatura salva

O escritor e jornalista argentino Tomás Eloy Martínez esteve em uma universidade do Porto, em palestra para uma turma de comunicação. Entre suas obras, Santa Evita foi traduzida para 25 idiomas e publicada em mais de 30 países. O conjunto de sua produção já foi considerado o fenômeno literário mais importante da América Latina depois de Cem anos de solidão, segundo NY Times e London Review of Books.

A palestra foi de grande valor. Mas estudante de jornalismo é sempre igual, seja no Brasil ou em Portugal. Enquanto o senhor Martínez claramente queria falar de literatura, os estudantes faziam questionamentos intermináveis cujas perguntas demoravam mais que o tempo que restava ao autor para as respostas. Os alunos entendiam o espanhol e o escritor não conseguia entender o português de Portugal. Então foi necessária a ajuda de um intérprete.

O escritor então sabiamente achou o ponto ideal de sua fala focando a explanação em Jornalismo e Literatura e falou sobre como foi descoberto através da literatura o processo de identificação do leitor. E que o novo jornalismo conta a verdade com a técnica da "novela".

- Para narrar é preciso olhar cada ser humano como se o estivesse descobrindo. A investigação é o laço que une jornalismo e literatura. Nesse processo, a imaginação se enfia nos espaços vazios da realidade. Mas é preciso dizer que a literatura é um ato de liberdade, e o jornalismo não. Escrever é muito mais perigoso que ler. A imaginação é muito mais perigosa que a realidade - lindo!

3 comentários:

Anônimo disse...

Mas ele acha que jornalismo é literatura? Eu sou meio contra isso...Acho dois tipos de escrita diferentes. E vc, Ziza?

ziza disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ziza disse...

Oi Ju, pelo que eu percebi ele acha que o jornalismo de papel hoje tem uma tendência em assumir um apelo mais narrativo, já que o aspecto factual "perde" para o online em termos de velocidade, tendo em vista os serviços de tempo real. Eu acho interessante a função da investigação como elemento estrutural dos dois processos, mesmo tendo lógicas diferentes. (Te adoro, saudades amiga!)