domingo, 17 de fevereiro de 2008

Construindo sua própria lusofonia

PRIMEIRA SUGESTÃO - CONCERTAR AGENDAS NACIONAIS E SUPRANACIONAIS

Os países africanos estão ainda construindo a sua própria lusofonia. Queremos que essa agenda nacional seja respeitada, e que outros programas se articulem em harmonia com esta construção interna. Todos sabemos que este edifício da lusofonia dentro dos nossos países é um assunto extremamente sensível exactamente porque tem a ver com a construção das nossas próprias identidades nacionais.

É verdade que não podemos pedir que o nosso projecto comum fique à espera que se cumpram os programas de cada um. Mas podemos cuidar que a lusofonia supranacional se desenhe sem atropelar essas agendas nacionais. Isso implica a existência de um fórum de consulta permanente para a definição e avaliação da programação das nossas estações comuns.

Deve ser dito que somos todos vítimas da mesma lógica de governação que coloca a prioridade nos assuntos económicos e relega para mais tarde as questões culturais e linguísticas. Deve ser dito ainda que, muitas vezes, falta nas nossas políticas domésticas coragem para defender interesses nacionais e não apenas conveniências políticas de ocasião.

SEGUNDA SUGESTÃO - RESPEITAR INDIVIDUALIDADES

Os lusófonos são pensados e falados do seguinte modo: Portugal, Brasil e os PALOP. Surgimos como um triângulo com vértices um no Brasil, um em Portugal e um terceiro em África, Ora, os países africanos não são um bloco homogéneo que se possa tratar de modo tão redutor e simplificado. Não se pode conceber como uma única entidade os 5 países africanos que mantêm, entre si, diferenças culturais sensíveis. As nações lusófonas não são um triângulo mas uma constelação em que cada um tem a sua própria individualidade.

O respeito pela individualidade, contudo, não nasce de apelos nem de acusações. O respeito conquista-se. Em lugar da retórica política fácil espera-se que sejamos capazes de produzir obra que os outros reconheçam e admirem.

TERCEIRA SUGESTÃO - ABANDONAR O APELO AO COITADISMO

Nós, os africanos, devemos abandonar uma atitude apelativa, ficando à espera que outras nos recompensem de injustiças passadas. A energia que costumamos colocar nessa apelação deve ser investida na criação de alternativas e na produção da nossa própria riqueza. Reclamamos que a língua não tem dono e que a lusofonia é de todos nós, mas ficamos à espera sejam Portugal ou o Brasil a tomar a iniciativa. Escusamo-nos na falta de recursos mas nem sempre usamos os primeiros grandes recursos que são a originalidade e a imaginação.

QUARTA SUGESTÃO - APLICAR PRINCÍPIOS DE LAICIDADE

A programação radiofónica e televisiva, por vezes se esquece de uma simples verdade: não somos uma população exclusivamente católica. E necessitamos respeitar a pluralidade religiosa do espaço lusófono. A nossa identidade linguística deve coexistir com outras identidades que nos tornam múltiplos e plurais.

É urgente discutirmos em conjunto como aplicar nos órgãos de comunicação social os princípios de laicidade que caracterizam os nossos Estados.

SUGESTÕES PARA A LUSOFONIA, SEGUNDO MIA COUTO

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Metamorfoseando

Diz Esperança Cardeira no livro História do Português (Caminho, 2006) sobre as línguas autóctones que se unem ao idioma oficial, do surgimento de novas gramáticas, como a norma africana que tem sido consolidada. A escritora compara o futuro deste fenômeno ao que ocorreu com o latim, diferenciado em variadas línguas românicas, e afirma que daqui a um tempo não muito distante o português pode se transformar em Angolano ou Moçambicano, por exemplo, em tais localidades. "Apesar da pressão da norma européia, as influências vão levando à construção de novas normas, como aconteceu no Brasil". 
"Língua oficial, por opção política, de Angola e Moçambique, o português convive com as línguas nacionais: língua veicular, operacional, língua da escola e do governo, o português funciona também como língua de intercâmbio entre falantes de diferentes línguas maternas.  A norma é ainda a do português europeu, mas o léxico, a morfologia, a sintaxe, a fonética vão sofrendo modificações resultantes do contato com as línguas nacionais. Assim, o português vai ganhando novos contornos que poderão vir a configurar novas gramáticas africanas". (p.90)


Espelho

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Alto mar

No site http://www.gutenberg.org é possível baixar obras portuguesas gratuitamente. O projeto que disponibiliza livros eletrônicos funciona como uma wiki sendo boa dica para um mergulho.

Veja os Top livros baixados ontem

Memória do jornalismo português na rede

Está no ar o site http://teoriadojornalismo.ufp.pt/.

"O projecto visa, genericamente, recuperar a produção intelectual portuguesa sobre jornalismo realizada até à Revolução de 25 de Abril de 1974, avaliar a relevância científica e filosófica dessa produção e apurar até que ponto se pode reconhecer (ou não) a existência de conhecimento jornalístico autóctone, confrontando essa produção nacional com a evolução do pensamento jornalístico ocidental no mesmo período histórico".

CRONOLOGIA 1640 - 1974

Agência AC de notícias

A minha amiga Anne é uma verdadeira agência de notícias. Aí vai uma que me mandou esses dias e achei legal colocar aqui. Bjo, miga!

Entre 17 e 22 de fevereiro, representantes do Ministério da Cultura estarão em Cabo Verde para aprofundar as relações bilaterais e contribuir com conhecimentos sobre Economia da Cultura.

O secretário de Políticas Culturais do MinC, Alfredo Manevy, e o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, integram a delegação que vai colaborar na concepção e formatação do Fórum Economia do Desenvolvimento Cultural, cuja realização está prevista para novembro deste ano, em Cidade da Praia, capital do país.

No evento, serão discutidas a promoção da inclusão cultural e da diversidade cultural, a contribuição da cultura para o desenvolvimento econômico e social e o fortalecimento do mercado cultural de Cabo Verde. Outros países como Espanha, Portugal e Senegal participarão do Fórum, visando o compartilhamento de experiências e troca de informações.

O secretário Manevy irá auxiliar os trabalhos de elaboração do formato do Fórum no que diz respeito ao tema Economia da Cultura. A Secretaria de Políticas Culturais é uma das gestoras do Programa de Desenvolvimento da Economia da Cultura (Prodec), no âmbito do Ministério da Cultura.

Durante a visita a Cabo Verde, será firmado um protocolo de intenções entre a Fundação Cultural Palmares e o Ministério da Cultura daquele país. A iniciativa se insere nas diretrizes do MinC de fortalecer os laços com os países-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), aumentar o intercâmbio com os países da África e Diáspora e ampliar os espaços de cooperação bilateral.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Candidaturas abertas

"Está confirmada a criação da «Escola Internacional de Futebol dos Países de Língua Portuguesa» em Brasília, com base no Termo de Cooperação Técnica firmado entre o Ministério do Esporte do Brasil e a Universidade de Brasília em parceria com o Ministério das Relações Exteriores.

A Escola Internacional de Futebol dos Países de Língua Portuguesa vai realizar a sua primeira acção concreta com o «Curso de aperfeiçoamento para técnicos de futebol da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa» que contará com a participação de cerca de quarenta treinadores dos diversos países membros da CPLP. Este curso inicia-se a 17 de Março de 2008 e terá o seu término em 15 de Maio também de 2008, avança comunicado da CPLP".

Fonte: Luanda Digital (matéria na íntegra)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008